No final de 2011 a lei da palmada
foi aprovada com unanimidade na Câmara dos Deputados. Uma lei que busca
extinguir as punições de natureza física do cotidiano dos pais e filhos
brasileiros. Há quem veja com bons olhos, afinal estamos nos humanizando,
outros, porém encontram brechas para um perigo sem precedentes.
Um dia desses estava conversando
com minha mãe, sobre os novos modelos de se educar – essa high technology que busca ensinar a educação. E quando nos
debruçamos sobre esses artifícios pedagógicos, se constata a perversidade que
é. Para quem busca de fato uma educação, o caminho é feito de pedras. O que
chamo de nova educação é a modalidade aplicada em nossos colégios, que busca
preparar os alunos para um mercado de trabalho, e para as tão concorridas
universidades públicas. E assim queremos crianças mais inteligentes, mais
inteligentes e com retoques torpes de uma educação que é falha. Tudo bem! Não é
culpa do colégio, afinal educação vem de casa, já diz o ditado, então piorou...
Pois os pais parecem não compreender o real significado de repreensão e
encontramos um campo fértil para as moléstias sociais. Quantas e quantas
crianças com Transtorno de Conduta? E com Transtorno de Oposição e Desafio?
Inúmeras, e o pior é que achamos que é uma birra transitória ou um mimo que não
faz mal a ninguém, mas se hoje encontramos tantos adolescentes cometendo crimes
e até mesmo matando pessoas é porque perdemos o controle em dado momento.
Que bom seria se educação e
inteligência caminhassem juntas, mas infelizmente não é assim que acontece.
Quantas crianças bem intencionadas repetem o ano inúmeras vezes e incontáveis
crianças consideradas “problemáticas” avançam nas séries seguintes sem limites?
O cenário educacional é feito de falhas, porque o sistema do Estado faliu. A
família perdeu a essência e a igreja se tornou banal. E o que temos a partir
dessas falhas? Temos um Estado impotente, jovens transgressores e uma lei que
não reconhece o adolescente infrator como de fato este é. O ECA contempla um
jovem das antigas, o batedor de carteira, o “cheira-cola”... Mas como aplicar
um ECA em jovens com 10 mortes na ficha criminal? Como aplicar um ECA em
adolescentes que são donos de bocas de fumo? É uma questão de lei.
E para somar a esses fatores
sociais indesejáveis, nos cai dos céus uma lei que é boa, afinal que bom seria
não dar uma palmada no filho, mas convenhamos – se o sistema é falho e se as
demais estruturas sociais apresentam rupturas, como imaginar que essa lei será
adequada? Não é! Por que não aumentam as verbas da educação? Por que não criam
sistemas que de fato permitam uma educação eficaz? E como punirão os pais que
derem palmadas em seus filhos? Tirarão-lhes as bolsas família? Vergonha.
Criamos leis virtuais e insípidas que marginalizam pais desesperados e do outro
lado vemos os governantes que nos roubam milhões saírem ilesos. O que nos falta
são leis e programas que capacitem o povo e não diretrizes pseudopedagógicas
que tentam suplantar a autoridade dos pais sobre seus filhos.
E assim continuamos prisioneiros
de nossas velhas vaidades. Crianças morrem por fome e por drogas e nós criamos
leis “boazinhas” para demonstrarmos números para estrangeiros nos admirarem.
Mas o Brasil de fato é outro, é os pais onde jovens estão se perdendo por culpa
de pais despreparados e por conveniência de um Estado inerte que aplica leis
aparentemente inócuas, mas que cedo ou tarde nos causam mais chagas sociais.