quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Em tempos de política



Hoje passei por uma avenida em minha cidade e me confrontei com um político que acenava para todos e todas e até para mim acenou. Não retribui, não por ausência de educação, tampouco por desgosto partidário, apenas não compreendi o porquê de tal figura em dado lugar. Mas acredito que eu esteja ignorando o fenômeno político, que permite a proliferação de candidatos, como se fossem salvadores oportunistas do cidadão.

Se existe algo que não pode ser negado, é o fato de tal período propiciar muitas mudanças, que de tão diversas, promovem até mesmo conversões milagrosas, onde agnósticos se dizem tocados por Deus e emocionam fiéis ingênuos, que nada mais são que peças de um grande trampolim eleitoral. E ainda sobre tal situação, não sei a que deve minha indignação, se ao líder religioso que uso suas ovelhas como manobra eleitoral, ou do político que se promove por conta de valores sinceros, mas que rapidamente são alterados por conta de promessas messiânicas.

Em minha capital percebemos um pleito que compreende candidatos ruins e menos piores, figurinhas repetidas que surgem como uma comprovação da não renovação política, é claro que surgem novos personagens, mas são sujeitos de uma apatia social gigantesca, sujeitos anônimos que surgem apenas como distração do período eleitoral. Vale destacar ainda, os políticos que já governaram e são esses que mais me indignam, pois possuem discursos “curativos”, mas esquecem de que muitas das mazelas hoje criticadas foram iniciadas ou agravadas em sua gestão.

Quando me debruço sobre a política brasileira e tenta encontrar mudanças, nada vejo. São as mesmas CPIs, as mesmas anulações de processo e no fim corremos o risco de sermos punidos por nossa avaliação preconceituosa desses quase anjos da política, que possuem recursos infinitos, de tal modo que confundem a cabeça do mais culto cidadão, pois no fim, sempre há uma explicação, consegue contornar filmagens evidentes, conseguem explicar desvio de verbas, são mágicos de fato.

Meu singelo conselho, se é que tenho o direito de dá-lo, é de que quando um candidato for a sua igreja peça ao mesmo que opere um milagre... Peça um sinal de que ele é mesmo o tal enviado de Deus para os conflitos modernos. E não precisa ser algo grandioso como abrir o mar, tampouco deverá morrer por você, mas que ele se preste a fazer o melhor necessário. Que formule novas políticas para a saúde, que cuide da segurança e que tenha um governo transparente. Estou cansado dessa bagunça chamada Brasil e mais descontente com os políticos do meu Estado e município, mas infelizmente há a perpetuação da pobreza e da ignorância, e isso permite que uns muitos, se contentem com ranchos sazonais e promessas espalhafatosas...

Cada sujeito tem uma história, a tal ficha limpa pode não ter emplacado na política pública, mas quem precisa dela quando faz uso de memória e bom senso? Que saibamos recordar datas, eventos e fatos que expressem a verdadeira face de nossos candidatos. Porque esperar milagres e acreditar em conversões oportunistas são a prova que tendemos a negligenciar nossa própria dignidade e cidadania.


TEXTO: ROCKSON COSTA PESSOA