segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Tragédias, meteoros e Janes Jopling



Ontem estava em um lanche perto de casa bebendo um refrigerante e assistia na tv sobre o meteoro que atingiu a Rússia (coisa de louco) no bloco seguinte falaram sobre Janes Jopling e possíveis herdeiras de seu reinado musical feminino. Para não me estender tanto - o comentarista falou mal de todas as cantoras da atualidade (Mariah Carey, Beyoncé e outras mais) e fez menção honrosa a Amy Winehouse.

Nada tenho contra Janes Jopling, tampouco contra Amy Winehouse, mas tenho muito a favor de lendas como Paul MCcartney e por que não citar os brasileiríssimos Chico Buarque e Paulinho da viola? A questão é que eles estão vivos, logo poucos escutam as músicas deles. Mas se eles morrerem, tornar-se-ão os "maiores cantores de todos os tempos" - obra boa é obra póstuma!

No Brasil ainda é visível o luto pela tragédia em Santa Maria e o Sul então, ainda chora suas perdas... Enquanto na Rússia o tema é o visitante ilustre e impactante do espaço e na avaliação do comentarista, uma boa diva é aquela que surge de maneira extraordinária e nos deixa de maneira impactante (lê-se morrer por overdose), ou de modo que nos choque como um meteoro.

A tragédia no Sul jamais aconteceria se medidas simples, como o emprego de segurança, fossem seguidas... Mas nós humanos gostamos do "surreal" e acreditamos que o raio, ou melhor, o meteoro só cairá lá na Rússia mesmo! Da mesma maneira que me perturbam essas avaliações sobre artistas, parece que o cara só é gênio se morrer precocemente... O que há de errado com os cantores que se mantém e aprimoram sua melodia a cada dia? O problema é que gostamos desse passionalismo, desse quase morrer sem querer concretizá-lo. E assim vamos elegendo como referências as coisas doloridas e saudamos a inconsequência de muitas para negligenciar a beleza que se esconde debaixo dos nossos olhos.

Neste momento, por exemplo, Santa Catarina se vê refém de uma minoria criminosa que se organizou como vimos recentemente em São Paulo e que esperamos jamais ver em Manaus... Mas disso ninguém comenta - é banal! Porque o que vale é o saber de meteoros que jogam para longe nossa onipotência enquanto homens... E não cabe questionar o fundo musical para tal observação, o que vale é perceber até que ponto é seguro andar para sermos de fato verdadeiros e não apenas meteoros que surgem e desaparecem de modo repentino.

TEXTO: Rockson Costa Pessoa