quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
CRACK: Quem nunca pecou que “fume” a maldita pedra.
Ela estava condenada... Ao seu redor algozes – lobos sedentos por sangue. Pareciam desejar “expiar” seus profundos e profanos desejos por meio daquela prostituta. Quando todos estavam com as pedras em posição de lance – eis que Ele se aproxima e por mais que demonstrasse estar alheado a tudo – passa a escrever na areia os pecados ocultos dos acusadores... As pedras caem no chão, os hipócritas voltam para suas vidas medíocres e a mulher arrependida encontra redenção.
Essa é uma passagem da bíblia – para alguns um livro de histórias delirantes e absurdas e para outros um manual de vida. Não quero aqui discutir ou bafejar a nenhum ponto de vista é o livre arbítrio.
Muito tempo passou... Mas os homens permanecem com seus velhos hábitos – a necessidade de buscar [bodes], que sejam de modo inconsciente, uma suavização de “pecados”, pecados estes que sempre teima em residir no outro. As pedras continuam nas mães lancinantes e só resta um [superego] para resistir aos imperativos de um desejo antiquado.
As pedras rolaram... E nos anos 80 receberam o nome de crack nos EUA e acabaram por destruir milhares de americanos pobres, negros e marginalizados. Nos anos 90 as pedras estavam nas ruas e avenidas do Brasil. Muitos meninos de rua encontraram a morte pelos braços da fissura (craving). Mas a sociedade fez pouco caso – eram marginais! Uns “moleques” esquecidos, alienados e problemáticos. E assim as crianças foram apedrejadas pelo descaso e soterradas pela indiferença. Não havia quem rabiscasse no asfalto uma palavra de absolvição. Só se via nas paredes outra droga importada dos States – a pichação que veio com título de arte urbana, mas na verdade era uma droga com corpo de vandalismo. O crack continuava seu trajeto de destruição!
Um dia pensaram ter destruído a “cracolândia” e assim festejaram e deram as costas para o inimigo. Casas abertas, portas escancaradas e pais “politicamente corretos” permitiram o inesperado – o impensado. No início do século XXI o crack estava nas casas “ricas” também! Ele agora já era consumido pelos “bacanas” e para o espanto de todos era a febre dos filhos daqueles que outrora torceram o nariz, os mesmos que atiraram pedras de preconceito e discriminação aos ditos “vagabundos viciados” das ruas. E então como enredo final de um dramalhão social, uma mãe acaba por matar (não cabe a palavra assassinato pela natureza do ato) seu único filho – um usuário de crack. Mas a história tem um diferencial, pois se trata de uma família abastada que descobre a dor no bairro chamado Tristeza.
Hoje a sociedade levanta a bandeira de guerra ao crack. Campanhas surgem a todo o momento na TV alertando contra os perigos dessa pedra da morte. Mas por que somente agora? Por que passado mais de 20 anos só agora o crack é tão repugnante? Depois que tantos esquecidos foram dizimados é triste observar uma sociedade em “falsas dores”. Agora não cabe mais atirar pedras, afinal o pecado reside em casa. Hoje não cabe mais atirar pedras e rabiscar na areia os pecados ocultos não é mais necessário – eles estão expostos! Como feridas e chagas que não podem ser falseadas por tradições, valores vazios e dinâmicas familiares adoecidas.
A maior lição que se tira disso tudo é a seguinte:
“Cuide de sua casa, de sua vida e de seus familiares”. Se o costume da hipocrisia continuar a ser praticado, cuidaremos da vida dos outros e em meio a esses momentos inglórios de fofoca e de pobreza cognitiva e social, o crack poderá seduzir um familiar seu. Nesses tempos de “políticas educacionais” nada coerentes o melhor mesmo é compreender que todo mundo erra. Julgar a falha dos outros continua sendo o mais abominável costume e vício dos homens.
Por fim... Se você acha que nunca pecou – olha; olha... Não estaria você “viajando” pelo o uso da maldita pedra?
TEXTO: Rockson Pessoa
IMAGEM: http://paulodaltrozo.wordpress.com/
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5 comentários:
Olá lhe convido a visitar meu blog que de segunda a sexta trás notícias culturais. E no sábado agora trás minha coluna poética e uma homenagem a banda Roupa Nova.
Ass: Magno Oliveira
Folhetim Cultural
De qualquer forma, alguns caminhos, dificilmente, têm volta. É triste, mas é a realidade...
Bjão!
Oi Magno,
Será um prazer conhecer teu espaço!
Abraço.
Ministério da Saúde,
Uma honra a sua visita!
Abraço.
Oi Rosiane,
Grato pelo carinho!
Bjkss
Oi Amiga Helena,
Triste percurso hein?!
Bjkss
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