segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

ELEFANTE ESQUIZOFRÊNICO


E lá está o elefante esquizofrênico... Enorme como nossa complexidade humana. Pesado tão quanto nossos temores. Está preso a uma corrente tão fina e frágil que certo seria dizer que é a corrente que está presa á ele.

Elefantes... Dizem que eles possuem uma extraordinária memória, não é a toa que a grande maioria acaba por permanecer “aprisionada as mesmas” amarras da infância e quando chegam na vida adulta, se acostumam com a impossibilidade de vencer a corda de outrora. Os anos passam e com eles se sedimenta a frustração da impotência, por fim se instala o hábito e a rotina que acabam por aprisionar para sempre...

Esse elefante que agora vejo é bem diferente, ele é esquizofrênico! Vive em seu próprio mundo e com sua memória magnífica idealiza rotas infinitas. Viaja por savanas tão particulares e percorre trilhas tão próprias... Ele é autor de si mesmo. De fato saber ter autonomia. Por mais que tenha tal patologia, soube transformar fraqueza em virtude e assim se fez livre! Não há correntes que o possam aprisionar, pois nada é mais forte que sua necessidade de desbravar os mundos de sua fantasia, que assim como ele é enorme.

Vivemos em um mundo de elefantes aprisionados... Esperando a hora do espetáculo cotidiano... Queremos tanto ser comuns, que da bizarrice fizemos um pódio! Ser diferente é arriscado e correr riscos não queremos... As correntes nos aprisionam a quanto tempo?! Padrões, forma, moda, tendências! De fato é difícil mudar aquilo que é imposto por normas tão diretivas! Sonhar é apenas para poucos, pois em florestas de pedras, pássaros não se habituam a cantar... Em um mundo de fibras ópticas e virtualidade, ter e fazer amigos se tornou um privilégio!

Muitos dos corriqueiros elefantes estão presos à fios de costura...Há quem esteja preso em teias de aranha! Passividade? Impotência?! Não sei... Há quem goste de “ganho secundário” e acaba por se sujeitar a não questionar ou pensar e assim se contenta com os amendoins da multidão! Migalhas que acabamos por venerar e assim esquecemos das oportunidades que estão logo ali!

Esse zoo é indecifrável. Há quem considere vida de gado... Mas prefiro elefantes! Pois em vez de marcas para um abate, temos sempre a possibilidade de voltar do picadeiro. Sim! Há sempre a possibilidade de arrancar as amarras e vencer o gigante, não que a morte seja indiferente, mas com esse animal não se observa um imperativo frustrante! Somos mutáveis

Em mim também existe um elefante aprisionado... Eles são nossos medos e temores figurados, porém reais! Mas da mesma forma que há o medo de estimação, há também um elefante esquizo! Em cada um de nós existe esse gigante “invariável” que se apresenta como a possibilidade de mudança! Ele é a figura real de que as coisas são como imaginamos. Ele sugere que existe um pouco dessa loucura que nos faz romper o impossível e concretizar sonhos.

E em um mundo tão particular nosso, em que histórias não têm fim, onde há seres que jamais envelhecem, onde os amores têm sempre um final feliz, onde somos imortais e por que não onde somos sempre heróis Sim nesse nosso mundo fantasioso... Há elefantes errantes que estão a vagar em busca de liberdade. Seguem por trilhas infinitas e por rotas inimagináveis... Buscam a eterna superação!


Rockson Costa Pessoa