segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As novas balas perdidas


Com o desenvolvimento das sociedades e o esgotamento das vias urbanas, que se transformaram em redutos de procrastinação, nos deparamos com o vezo do descontentamento e estresse. Sim, só nos resta aprimorar os recursos tecnológicos que atenuem o caos do trânsito nas grandes cidades e então nossos carros ou se transformam em um espaço zen, pela utilização de músicas instrumentais, ou se torna um cinema improvisado com a ajuda de DVDs diversos.

 Na contramão de tudo isso, observamos o empenho engenhoso das indústrias automobilísticas, que cada vez mais nos surpreendem com seus carros econômicos e velozes. Se por um lado a sociedade nos diz que o espaço é reduzido, por outro viés encontramos carros superpotentes. Carros que outrora significam luxo de muitos poucos, mas que hoje são acessíveis a quem poder pagar mais e hoje se pode isso. A crítica não é a acessibilidade aos carros de luxo, a preocupação resulta nessa desproporcionalidade. Disse-se que não há mais espaços nas vias públicas, por que então criamos carros cada vez mais velozes? Onde se encontra o sentindo disso. Do lado das montadoras a resposta padrão é a aquela que afirma que tais carros foram feitos para estradas e vias rápidas. Porém, nesse polêmico bolo social, ainda temos mais um ingrediente - o álcool. E então tudo se torna muito mais fatal.

Nos últimos anos temos acompanhado um crescimento vertiginoso em mortes no trânsito. Se por um lado as pesquisas apontam que os acidentes diminuíram, por outro observamos que nesse mínimo se constata um aumento dos óbitos no trânsito. Nos últimos meses, observamos carros superpotentes dizimando famílias e tolhendo os sonhos de pais que hoje choram perdas absurdas. Hoje mais uma adolescente de 16 anos atropelou 05 pessoas inocentes. Onde iremos chegar assim? Se outrora a mídia relatava o tal fenômeno das balas perdidas, hoje temos essas novas balas, esses objetos de metal que tem um poder destrutivo imensurável. 

O Brasil ainda fecha os olhos para tudo... Infelizmente a maioria dos crimes no trânsito é considerada culposa e por fim, cabe pagar a bagatela por uma ou duas vidas. A verdade é que somos vulneráveis nesse trânsito absurdo. Temos que dirigir por nós, pelo motoqueiro desafortunado, pelo motorista embriagado e pelos pedestres suicidas. Pra mim tudo isso se resume em falta. Ou nos falta leis mais duras, ou nos falte mais olhos na cara, para sobreviver nesse trânsito perverso




TEXTO: Rockson Pessoa
IMAGEM: http://agenciabrasil.ebc.com.br

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ENEM eu sabia


Mais uma vez o MEC demonstra sua deficiência com o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM. Não bastasse o fiasco do ano passado, quando inúmeros estudantes foram prejudicados por questões anuladas, por reexames e até pela precariedade do SISU, que fechou portas para inúmeros jovens que não conseguiram desvendar os enigmas de um sistema tão deficiente.

A culpa não é totalmente do MEC, não se pode negar os avanços nesse Ministério a culpa é dos governantes e de nós mesmos que aceitamos passivamente a negligência no ensino brasileiro. Não é a toa que ocupamos os lugares mais baixos na avaliação internacional.

É vergonhoso um País com em ascensão como o nosso ainda se utilizar de políticas alienantes que defendem a existência de semi-analfabetos votantes e que restringe cada vez mais o conhecimento para alguns poucos. Por mais que a Presidente (não é presidenta), fale aos países do primeiro mundo que se pode mais e algumas outras coisas fáceis de dizer e difíceis de aplicar, se mostra muito leviana na medida em que, quando pratica sua tarefa de casa, corta recursos para a educação e marginaliza seus professores.

Mas a culpa como já citei acima, não reside na Dilma e tampouco é culpa do agora diplomado Lula da Silva, isso é resquício da nossa colonização exploradora que parece que nos impregnou a tal ponto que até hoje o conhecimento parece ser algo inalcançável. Quando na verdade, o aprender é algo do ser humano...

Canso de ver isso semanalmente, quando atendo crianças que sadias me surpreendem ao não saber ler e escrever. Crianças com 08 anos, que se mostram analfabetas. Isso é puro descaso. E para piorar, quando nos deparamos com os alunos universitários, não menos freqüente, encontrar semi-analfabetas, analfabetos funcionais e mais uma gama de sujeitos que nem sabemos categorizar.

E o triste é perceber que o cenário só tende a piorar, como sempre, as coisas sempre caminham nesse sentido. Precisamos de medidas maduras, precisamos de um real valor da educação. Infelizmente o problema da educação é clichê! Algo que já até se tornou banal... E o pior, quando discutimos isso, é vistos como pessoas rasas e sem idéias, pois o discurso do problema educacional se tornou um fator do senso comum.

Situações como a do ENEM só mostram o deficitário sistema de educação no Brasil. Quando observamos o norte nos entristecemos mais ainda... E no nordeste encontramos algumas disparidades também. E tudo isso só gera preconceito, e então ouvimos que os nordestinos são burros e os nortistas são índios ignorantes. Onde está escrito isso? Historicamente observamos uma educação que privilegiou poucos em detrimento de muitos.

O Brasil tem de programar leis mais sérias e coerentes. Objetivar métodos que avaliem de maneira justa nossos jovens. São tantas cobranças e tantos sonhos e quando nos deparamos com entraves na própria seleção, isso é mobilizante. O Brasil tem que aprender a lidar com o problema educacional de maneira real, de que adianta promover alunos incapacitados para séries mais elevadas, criando a espécie de um funil, e permitir de maneira perversa que o mesmo jovem antes privilegiado por um sistema facilitador se veja incapaz de entrar em uma universidade? Cotas e cotas não irão resolver o problema educacional, da mesma forma que bolsas família não irão sanar as diferenças sociais no Brasil

E assim vamos tentando acreditar que as coisas melhorem. Que as crianças tenham mais oportunidades de ensino qualificado e que os professores possam de fato, serem reconhecidos pelo o nobre papel social que cumprem.


TEXTO: Rockson Pessoa