quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Guerra dos sexos - parte II


E daí o homo sapiens que no erectus!

Nada pior para um "caçador nato" que descobrir que seu porrete não mais funciona. Outra problemática é descobrir que a gatinha de antes (submissa e conformada) tornou-se uma tigre dente de sabre.

Se o diabo foge da cruz, o homo no erectus foge da mulher dente de sabre. Segundo relatos de uma centena de sobreviventes, a mesma é um predador voraz. Há quem diga que, ela adora brincar com a vítima "indefesa", atitude similar tomada pelos gatos quando encontram um rato coagido. É um terror! Ainda segundo comentários censurados, o ponto alto do ataque é quando deitadas na cama elas fitam a presa... O traje para o ritual? Aquela lingerie sexy e convidativa. Quando percebem que o garanhão é desprovido de tônus muscular, lançam um olhar de: "Vou te processar por propaganda enganosa!” Daí descruza os braços e retira da bolsa uma serra de unha e passa a amolar as garras. É nesse momento que alguns no erectus são assassinados, com um ataque certeiro e fatídico, na jugular da auto estima. Sim, porque caem no infeliz erro de justificar o péssimo desempenho “laboral”. O que mais enraivece a dente de sabre é a frase: “Isso nunca havia me ocorrido antes”. A dica para os no erectus quando virem a se deparar com uma dente de sabre é a seguinte: Se finja de morto! Fique calado, você pode cantar uma canção romântica. Pode falar sobre a novela das oito. Há também algo que acalma muito... Uma massagem nas costas e na sola dos pés...

Apesar do tom cômico o assunto é sério. Estava lendo alguns comentários dos amigos (as) e percebi que há quem veja com surpresa a realidade da impotência sexual masculina. De fato os homens ainda permanecem os mesmos caçadores, sedutores e conquistadores. Ainda saciam o desejo de muitas mulheres, mas temos que considerar a idéia de “zona de conforto”. Na zona de conforto o homem ainda mantém o papel de "macho dominante". O problema é quando se estabelece uma relação. Afinal enquanto estão em situação de segurança, "ficando", tendo relacionamento aberto, os homens ainda detêm o papel de macho que teoricamente é o supra-sumo do universo. Com o relacionamento daí sim observamos o surgimento do quadro (impotência). Quando o homem se depara com uma mulher segura, auto-suficiente, inteligente, bem resolvida, linda e tudo mais – entram em estado de “freezen”.

No post anterior falei a respeito das mudanças que as mulheres sofreram e vem sofrendo. Como o texto está pontuando a idéia de caçadores, vale ressaltar a mudança no tocante a postura das mulheres. Sim, já observamos mulheres caçadoras também. São diferentes dos homens, os homens caçam por um instinto de sobrevivência, que os incita a ter todas. A mulher que sempre buscou ser conquistada, deixa a posição passiva para adotar um papel mais ativo. As mulheres hoje em dia, observam a escassez de bons homens ou machos. Hoje percebem que há uma dificuldade maior em encontrar o marido ideal, o companheiro adequado – o homem para definir projetos. Assim passam a "caçar" pelo companheiro perfeito. Devo considerar que o termo caçar não é adequado, afinal as mulheres sabem ser sutis, quando em processo de análise e estudo. Hoje atentas a todos os detalhes, se sentam em suas confortáveis poltronas, colocam seus óculos e analisam os detalhes mais pertinentes acerca do caráter e do perfil do desejado. Tomam com delicadeza um café quente e assim ficam... confabulando e refletindo sobre as perspectivas, sonhos e possiblidades.


Homens inseguros e mulheres insatisfeitas, sem dúvida um cenário desconfortável para ambos. Será que há saída? É possível encontrar um equilíbrio?


Continua...
Rockson Pessoa
Imagem - http://colunas.marieclaire.globo.com/falecomele/category/namoro/

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Guerra dos sexos - parte I


Das muitas queixas que chegam ao consultório, se observa uma rotineira queixa camuflada - impotência sexual. Camuflada em virtude dos pacientes/clientes alegarem: stress, fadiga e até depressão como queixa, tudo para salvaguardar a masculinidade... É impressionante o quanto tem aumentado o múmero de pacientes que apresentam tal quadro. Uma pandemia silenciosa? Talvez.

Desde "A Queima dos Sutiãs", as mulheres têm conquistado espaço maior na sociedade. Deixaram de ser apenas donas de casa e hoje já ocupam os mesmos quadros de trabalho que os homens. Se destaca assim uma evolução do gênero feminino.

E quanto aos homens?!

Bem... Ainda não fiquei sabendo nada a respeito de "Cuecas Queimadas", o que se vê é uma mudança estética, daí se observa homens depilados e mais preocupados com o corpo sarado, mas nada que se possa considerar como evolução. Homens metrosexuais nada mais são que os mesmos homens de outrora. Repaginados, mas nada convincentes.

Deste meu observar anônimo da sociedade e desse atender sigiloso de pacientes / clientes, vejo que há diferença significativa entre homens e mulheres. Nós homens permanecemos presos ao seio de nossas mães e não vale aqui definir a natureza de tal seio, se Bom ou Mau, pouco importa. Pois não importa a natureza do seio - haverá sempre o congelamento na posição.

Na resolução de Édipo o menino persevera na idéia de uma superioridade, pois é detentor do pênis. A mulher já sofre uma castração a nível de fantasia, com isso passa a adaptar-se e assim busca resolução. Penso que todo esse processo torna as mulheres tão especiais... Não há dúvida: Mulheres são mais fortes que os homens. Foi necessário evoluir e com isso se tornaram mais adaptadas ao meio. Vale ressaltar toda a história da mulher e o contexto sociohistório e cultural do globo. A mulher sempre foi subjulgada por uma série de dogmas, imposições sociais, religiosas e definições perjorativas de gênero. Por tudo isso e por sua capacidade de administrar as demandas e pressões internas / externas, que a mulher aprimorou-se a ponto de se tornar um Ser singular.

E como ficam os homens nesse contexto?!

Hoje os homens não conseguem lidar com as mulheres. Têm medo! E nessa guerra de sexos, se pode observar "pênis subjulgados" por "vaginas castradoras". As mulheres independentes, bem resolvidas e seguras parecem aterrorizar alguns homens. Desta forma encontramos "machos reprodutores" em pânico, afinal não estão acostumados com a lei da gravidade na área peniana. Como esperar que os guerreiros sexuais, poderiam se deparar com espadas enferrujadas? Se outrora as mulheres eram castradas a nível de fantasia, hoje alguns homens vivem uma fantasia na qual são castrados a nível de realidade. Paralelos angustiantes que sugerem e necessitam de resolução.

E assim... Em muitos quartos esquecidos encontramos trincheiras instaladas. Mulheres e homens em Pé de Guerra e acabam por experimentar uma guerra fria na relação.


Continua...



Rockson Pessoa
Imagem: http://pet6-senac2010.blogspot.com/2010/03/guerra-dos-sexos.html

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

De Nietzsche a Maria Rita e Eu filosofando...

E lá estava eu no gasômetro... Finalzinho do dia. E na boca do inverno. Afinal o verão já dizia adeus de maneira singela. E assim nesse retorcido cenário capturei essa imagem. Dois barcos no Guaíba, rapidamente me lembrei de Nietzsche:

"Somos dois navios que perseguem rumo e objetivo próprios;
Podemos, sem dúvida, nos cruzar e celebrar festas entre nós, como já fizemos...
Então os bons navios repousavam, lado a lado, no mesmo porto, sob o mesmo sol, tão calmos que pareciam ter atingido o objetivo e tido o mesmo destino.
Mas, depois, o apelo irresistível de nossa missão nos levava, de novo, para longe um do outro, para mares, em direção a paragens, sob sóis diferentes
Talvez para nunca mais nos revermos, talvez para nos revermos ainda uma vez, sem nos reconhecermos: mares e sóis diferentes nos teriam transformado!
Que devêssemos nos tornar estrangeiros um ao outro era a lei acima de nós: é por isso mesmo que devemos nos tornar mais respeitáveis um para o outro..."
(Amizade de Astros -Nietzsche)
E assim para fechar o dia... Que já tinha pedido a saideira... Penso em Maria Rita e divago sobre as coisas e sobre a vida. Daí eu escrevo... Afinal prefiro o não dito - dizer é muito pessoal.
"A barca segue seu rumo lenta
Como quem já não
Quer mais chegar
Como quem se acostumou
No canto das águas
Como quem já não
Quer mais voltar..."
(Caminho das Águas -Maria Rita)


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Sementes terrenas e eternas confabulações


Já faz mais de uma semana que não escrevo no blog e em meio a esses recessos de Julho me vejo sem o computador para escrever, mas a vida não para e sigo confabulando acerca das pessoas, "coisas" e coisas. Daí anoto em um pedaço de papel e transcrevo depois. Chamo isso de modernidade com retoques de romantismo.

Nessas últimas semanas estive entretido com uma horta. Isso mesmo - uma horta! É bom ter contato com a terra, diria que é revigorante e terapêutico. E nessa interação de sementes, terra e "mãos sujas" me permito fazer "filosofia barata". Fazer o quê? Minha mente é terra fértil!

Em outra postagem já havia dito que de certa maneira somos tartarugas(http://rocksonpessoa.blogspot.com/2010/07/fantasia-praias-e-tartarugas-marinhas.html). Logo dizer somos "sementinhas" soaria ridículo, repetitivo e seria coerente deduzir uma ligeira falta de criatividade do autor. Mas como disse minha mente é fértil e não quero cometer tal erro.

Como já disse acima estive de recesso! Pausa imposta, involuntária e real. E nesse percurso, cá estive eu como uma esponja sedenta. Absorvendo as notícias, as futilidades e tudo que pode "ingerir" por meio de mídia diversa. Assim era Eu esponja colocando o polegar na terra. Um ser pensante semeando em terra adubada. E quantas sementes germiram nesse cerébro... Muitas e assim vou sendo árvore em terra de planta abandonada. Água por favor...

Se de maneira figurada somos tartarugas, enterrando ovos (sementes em dados períodos), na vida real somos pessoas que semeamos e acabamos por colher também. Em atitudes, gestos e ações. Um processo consciente e inconsciente. Mas não vamos falar de pulsão de morte... Vai que minhas sementes se assustam e daí teimem em nascer / brotar. É tudo pulsão de vida, a horta é minha, o texto é meu... Posso escolher as pulsões que assim desejar.

Já disse que plantei salsa portuguesa? Bom isso não vem ao caso, mas é que salsa é algo que uso em quase tudo na cozinha... Voltando ao raciocínio dessa esponja com polegar. Vivemos em um eterno semear. As vezes planejado, outras acidental. Me perdoe a expressão, mas vivemos "metendo o dedo" e o "bedelho" nas coisas e deixamos digitais nos objetos, corpo e na alma das pessoas... Ficam vestígios e assim como passarinhos desafortunados acabamos por semear sem o intento - sem o desejo.

Nessas semanas de "ingestão" televisiva. Vi colheitas planejadas e premeditadas. Assim pessoas morreram e outras se tornaram assassinas, ou quem sabe assassinas já eram. Tudo por causa de desejos ignomínios e lascivos. "Dedinhos" mais que sujos. É sempre uma impressão de tudo e todos. Impressão que se tem e que se vê. Dedos aleatórios e perdidos que no acaso das coisas vão deixando marcas e permitindo a mágica da vida e o drama da morte.
Lançamos sementes em todo tempo. De maneira [desejosa] e de maneira [culposa]. Algumas Sementes germinam e outras não. Há sempre idéias que não podem nascer. Pensamentos que não encontram espaço e são suprimidos por realidade, por contexto e tempo. As sementes que nascem, são aquelas que em meio ao acaso e espera, encontraram a necessidade de aqui estar.
Não posso fugir do Todestrieb (instinto de morte)...
Tudo acaba, logo como fugir da pulsão de morte?! Vida e morte são sinônimos. O que difere é tempo e lugar.

Dedos, terra e sementes... Somos e fazemos parte desse rito de plantar para sempre colher. Mundo de desejos e astenia.