segunda-feira, 30 de maio de 2011

Seres plásticos


As vezes me questiono: Onde temos errado? Por mais que eu desconfie da resposta. Mas de que questionamento falo? Falo da dúvida de saber para onde estamos indo. Na verdade a questão é saber se estamos indo para algum lugar de fato. As vezes percebo e sinto um movimento de areia movediça, ou seja, um movimento estagnante, lento e perigoso.
As mulheres querem ter filhos. Os homens prestígio, mas será que é isso mesmo? Será que é isso que preenche os ‘vazios’ de suas existências? Acredito que não. A grande maioria das  mulheres depois de terem seus filhos ficam se lamuriando e não aceitam ou percebem que nossos presentes são idealizações do passado e que filhos não são objetos – são seres da atenção e cuidado. É claro que boas mães existem, mas são raríssimas.
Objetos... Tudo se resume a isso. Hoje somos tão artificiais, somos tão incongruentes e isso é perigoso. Não digo que esse vazio é algo banal, pelo contrário, vejo e percebo uma patologia camuflada. Uma doença que tem nos matado e nos tornado tão menos humanos do que o costume.
Vivemos a tal apatia esperada... Percebo hoje que aquele tal amor bíbilico de fato esfriou, mas não digo isso por um sentimento religioso, na verdade, confabulo sobre isso com um olhar pseudo científico, afinal as constatações são irrefutáveis.
Hoje ser mãe é complicado. Cuidar de filhos se tornou um tormento e aí daquele que repreender as novas mães. Querem filhos lindos e bonitos para se vangloriarem, mas pobres crianças... Padecem aos cuidados virtuais de mulheres tão doentes. E nós homens temos seguido o mesmo caminho.  Nunca tivemos a tendência de sermos bons pais, apesar de alguns poucos lograrem êxito na paternidade. Mas se observamos a média, ou seja, se observamos o comportamento da grande maioria dos ditos pais, constatamos violência do lar e negligência transvestida de ‘machismo caduco’. Por fim podemos resumir os gêneros de hoje em: Mulheres esteticamente perfeitas – malhadas, anabolizadas, pintadas, maquiadas e etc. E na outra ponta encontramos homens alinhados e também malhados com seus carros potentes, chamativos e barulhentos.
Apatia e barulho, muito barulho... Deve ser uma forma falível de disfarçar e se fazer inaudível o barulho existencial – e assim a gente enche a cara, coloca a música nas alturas e a sociedade que se dane. E tem se danado mesmo, porém esquecemos que nós mesmos somos sociedade. Ignoramos por displicência que somos a soma dessas partes carcomidas de ‘eus’. Dessas nefastas e delirantes dores existencias de um nós tão, mas tão destruído.
O que iremos fazer? Pergunta difícil de solucionar – pois vejo um progresso lento mas contínuo dessa patologia social. Me perdoem os meus amigos sociólogos se digo besteiras ou falo lorotas, mas na minha inexperiente e rasa percepção vejo o que não quero ver. Uma sociedade vazia e barulhenta. Pessoas que mortas pensam viver e que só choram quando corpos descem à cova. Vejo vidas vazias, mentes doentes e corpos mentirosos e falsos. 
Hoje nos cabe a definição de objetos. Adotamos uma postura e um perfil de seres descartáveis e construímos uma sociedade com a nossa ‘cara’. E asssim vejo mulheres que não conseguem nem repassar um amor mais simplório aos seus filhos. E dessa maneira noto homens que não conseguem nem iludir seus filhos com a tal e necessária segurança. E daí o que temos? Temos adolescentes assassinos que riem pela proteção de um ECA ultrapassado e delirantemente romântico. E daí percebo mortes no trânsito porque pessoas bebem para se alegrar e encontram a tristeza do ‘pra sempre’ em alguma curva fechada da pista.
A culpa não é apenas dos pais, pois como já dito, a sociedade está doente. Mas não podemos nos render ao cansaço visível e aceitar um fim deplorável. Se escolhemos colocar pessoas no mundo, temos por função permitir à tais seres uma segurança mínima e um tempo e lugar para construirem seus sonhos, por mais que a realidade não seja tão maravilhosa assim. Elas (crianças) não tem e nunca terão culpa por  nossos ‘ais’.
Educação, valores, moral, ética... Tudo isso fôra em um passado não muito distante algo de extrema necessidade, e por ironia do destino, isso se tornou nos nossos dias algo extremamente ‘cafona’ – há quem diga que é artigo de luxo. Item de colecionador. E triste é perceber, que os ditos colecionadores são muito poucos. 
E assim me entristece essa mesquinhez gratuita. Essa falta de auto-crítica e pior, essa rapidez de faroeste, em culpabilizar os outros por problemas que na grande maioria são da própria autoria dos sujeitos ditos ‘vitimizados’. Somos filhos do ‘sim constante’. Queremos a facilidade do politicamente correto, por mais que danoso ele seja a longo prazo. Mas quem se importa com o longo prazo? Estamos tão acostumados com os contas a prazo, como se fosse possível diminuir nossa dor em parcelas, em doses homeopáticas e paliativas de um ‘só por hoje apenas’. Somos uma geração alienada e cansada, na verdade uma geração que nega uma doença visível, por um simples charme ou quem sabe, por uma pura e alienante maquiagem que adotamos para sobreviver.

domingo, 22 de maio de 2011

Amenidades, conversas e amizade.



E então quando nos apercebemos estamos novamente na mesa em conversa franca – revelando segredos que já perdem a sua essência e confidenciando os temores, os sonhos e rindo. O riso é a marca dos amigos. O estandarte que denuncia o sentimento de ambos. Assim são os velhos e ‘redecorados amigos’.

Amigos são essencias – são como marcadores sociais de nossa vida. Representam ciclos e momentos e são a prova cabal e singela de que as coisas verdadeiras perduram ao longo dos anos. De fato as amizades não envelhecem – nós mudamos, mas o sentimento esse é imutável.

Semanas atrás um grande amigo casou-se... Estar lá e vivenciar essa transição foi algo marcante. Tanto para ele, quanto para cada um dos amigos que compareceram com seus mais alinhados ternos. De certo modo se concretizava uma verdade – o amor foi celebrado, mas para nós ficou outra sensação. O tempo passa para nós também e no ar ficou a dúvida: Quem será o próximo?

Amigos falam de tudo e falam de nada... Rimos das risadas involuntárias e damos gargalhadas dos choros e tristezas dos anos passados. É comum termos essa insensibilidade com nós mesmos, é de certo modo a comprovação de que estamos em constante mudança e isso é um chiste!

Houve um tempo que eu achava que a amizade mudava com o passar do tempo. Pensava que ela poderia envelhecer e perder a cor – desbotar pela ausência ou pelo descaso da presença antes comum e agora tão rara. Seguimos nossas vidas e as agendas conflitam, isso é bem comum. Nessas horas percebemos que os sentimentos que depositamos nos outros se vão com eles e cabe à nós a inteligência de respeitar a liberdade daquele que segue sua maratona existencial.

Namoramos, noivamos, casamos e ao longo desses ciclos e ritos – vamos ficando enlutados pelos amigos que se afastam e por aqueles que inevitavelmente passarão a ser lembrança ou apenas uma foto que captada em segundos, revela vidas e histórias de anos. Assim são os verdadeiros amigos – sempre tão voláteis, mas sempre tão presentes. Amigos se vão – viajam, ficam anos em outros estados e países, mas o mais surpreendente é constatar que o sorriso do amigo é o mesmo quando na volta, de alguma maneira nada muda...

Hoje estive com 3 grandes amigos... Amigos de safras diferentes – como bons vinhos que se tornam excelentes pela diversidade e riqueza que possuem. E agora ao escrever esse texto, percebo que amigos mudam. As ideologias mudam, os comportamentos mudam (e como mudam), mas se de alguma forma somos atraídos para próximos deles é pela simples e fugaz razão: o sentimento amizade esse não muda. Os hospedeiros (nós), esses se alteram e evoluem mesmo – é traço do ser humano, mas o sentimento, esse não se altera, mesmo quando descobrimos que amigos falham e erram, mas não deixam de ser amigos.

Hoje foi interessante essa observação acidental – foi como voltar no tempo. No tempo que as madrugadas eram brindadas pelas conversas amenas e muitas vezes delirantes, mas os sorrisos e as gargalhadas, essas eram a expressam pura e verdadeira de que amigos são os irmãos que escolhemos ter. Sempre existirá na lembrança os bons tempos. Os grupos, os desenhos e as caricaturas nossas... Para alguns sempre existirão os ‘irmãos wilson’ e para outros sempre existirá a perplexidade de ver que a vida nos prega muitas peças, mas de certo modo não é mentira dizer: sempre teremos os mesmos amigos por perto para poder rir, chorar, desabafor e por fim, comemorar.

Rockson Pessoa

domingo, 15 de maio de 2011

Está faltando gente!



Está lotado! Este deveria ser o anúncio em todas as portas das casas. Deveria ser esse o slogan das escolas, das igrejas e dos gabinetes. Têm título demais no mundo – médicos demais, advogados em demasia, pastores, padres e todos nós profissionais. Mas por alguma razão incongruente, nos falta ‘gente’.

Ando nas ruas e vejo diplomas, encaro roupas de grife e seres apressados. Mas encontro poucos seres humanos. Estariam eles em extinção? Os humanos mais comuns têm a idade entre 2 a 7 anos. Depois disso perdem a inocência, a grande maioria, e se torna simulacros de adultos enfadonhos e ocos.

Nas ruas vejo carros apressados, ônibus lotados e o comum é sempre encontrar esses pseudo-humanos sendo carregados para cima e para baixo, mas não importa o meio de transporte – são todos iguais.

Quando foi que nos tornamos tão mesquinhos? Em que momento da nossa história rasgamos a moral e os valores e passamos a considerar o nosso umbigo como realeza? Não sei, só sei que a humanidade caminha para um desumanidade laxante.
Os japoneses buscam fazer robôs humanos e nós buscamos avidamente nos tornamos humanos robôs – a diferença é que os japonês ainda buscam o protótipo, enquanto nós já nos tornamos um produto raso e perfeito da indiferença.

Então é esse o cenário: robozinhos e barbies de idades variáveis nas ruas. Mulheres plásticas e saradas e homens anabolizados e motorizados. O mundo exige isso – os que não se encaixam viverão no limbo do descaso. E assim as coisas mais uma vez se invertem: os certos são aviltados e os anômalos consagrados – é a modo de ser diferente: a onde é nada combinar!


Hoje valores básicos como respeito ao próximo e educação estão extintos! E se engana quem acha que os despossuídos são os pobres e miseráveis, pelo contrário, a gente geralmente encontra valores e respeito nos menos favorecidos... A ignorância senta em bancos de universidades e faculdades. A brutalidade social já é diplomada!
A verdade é que somos dominados por nossos egos de elefantes! Somos peças descartáveis de uma sociedade adoecida que grita em quadro paranóico. Estamos adoecidos, na alma e no corpo. Mas anestesiar é apenas um mascarar o problema, mas infelizmente a grande maioria busca por tal engodo - e assim vamos nos drogando, vamos nos alienando em frente as maiores e mais caras tv’s. Tudo para esquecer e mortificar o humano que teima em viver em nós.

Quem sabe um dia nos tornemos os tais robôs desejados, quem sabe... Mas para minha infelicidade vejo uma involução! E assim vejo pessoas se tornando animais e por isso é que torno a dizer: tá faltando gente! E aí, o que você irá fazer?

TEXTO: Rockson Pessoa
IMAGEM:http://vaiquecola.tumblr.com/