quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal e Próspero Ano Novo


O tempo passou depressa... Hoje estamos com o coração acelerado pelas festividades do natal e na garganta guardamos o brado para o NOVO que chega. E nessa odisséia, onde as mulheres buscam o peru no ponto certo e os homens abastecem o frizzer com cervejas variadas para brindar os fogos... Venho desejar meus votos de "tudo de bom"; "Boas Festas"  - e realizações.

Agradeço ao carinho de todos os amigos da blogesfera... Meu muito obrigado à todos que leram as minhas idéias -  aos que não concordaram, aos que assinaram embaixo... Aos que comentaram, aos que pegaram emprestado. Meu sincero obrigado e desde já...

Desejo um Feliz Natal à todos os amigos e amigas! Um Próspero Ano Novo e que com ele surjam cada vez mais oportunidades e aquela dose (bem pequena) de dificuldade - só para não esquecermos que a luta pelo que sonhamos é o fermento que faz a massa dos planos crescer.

Um abraço... Um beijooo e vejo vocês no Ano que vem.



TEXTO: Rockson Pessoa
IMAGEM: http://tudoprasuafesta.blogspot.com/2010/11/natal-guirlanda-de-rolhas.html

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Por favor, nos devolvam os monstros...



Vejo com certa preocupação esses tempos. Hoje quando vamos ao cinema encontramos cartazes que estampam vampiros galãs e desejamos de certo modo sermos como eles... Bonitos, charmosos e eternos... Se nós (adultos) por vezes desejamos, como será que reagem as crianças quando assistem tais filmes?

Há alguns anos atrás, foram os Monstros S.A., depois vieram às bruxas boazinhas que enfeitiçavam para o bem, e após elas veio uma onda de magia surpreendente. Agora observamos a proliferação de vampiros encantadores. Minha crítica não é contra o gênero... Acredito na expressão da arte e a divulgação da mesma - minha preocupação reside em quem assiste. A maioria dos amigos que lêem o blog são adultos e  maduros para lidar com isso tudo, mas não posso dizer a mesma coisa das crianças.

Temos privado a nossa geração do medo, dos temores e do fantasioso que propiciará a elas uma internalização "adaptativa" do bem e o mal - e a partir dessa sutil distinção, a compreensão do certo e do errado – daí a gênese dos valores mais complexos como a ética e moral. As crianças hoje em dia, não têm uma definição das figuras do mal... Entenda-se aqui, como as figuras clássicas: o monstro, o lobo, lobisomens, vampiros, bruxas... A morte. As crianças têm sido iludidas a desejar papéis controversos. Observamos no Rio de Janeiro, nessas últimas semanas, a polícia invadindo os morros e reconquistando territórios. Neste momento as crianças já querem ser policiais, outrora isso não se observava - elas queriam ser "donos de morro" -  queriam ser bandidos! Esse recorte mostra como os pequeninos são vulneráveis.

Esquecemos a pedagogia do medo... Não digo que devemos espancar as crianças, torturar, nada disso! Existem estágios do desenvolvimento e a partir deles vivenciamos a dor da morte e a angústia da separação... Todos passamos por isso – elaborando o medo através da fantasia. Hoje os pais não lêem  mais livros para os filhos. Na verdade muitos têm sido negligentes e assim por ingenuidade pensam que ao mostrar filmes de seres mágicos, estarão permitindo algo bom. Da mesma forma que acreditam “piamente” que joguinhos de lanhouse são inofensivos! Existe muito mais nos filmes, nos desenhos... Não quero entrar num enfoque espiritualístico, nada disso! Digo o que compreendo – o mundo simbólico é algo sério e desde nosso desenvolvimento como seres humanos, ele foi indispensável para a construção do mundo interno e da sociedade. Será que alterar a ordem das coisas não repercutirá de alguma forma? Penso que sim...

Crescemos ouvindo histórias e estórias e nelas residia: o bicho papão, o homem do saco e etc.  De alguma forma esses seres fantasiosos e reais, nos permitiram compreender que existiam criaturas para serem temidas e assim na nossa inocência - relacionamos "o fazer certo" como proteção. O medo faz parte do rito humano - os gregos com suas mitologias  já buscavam incutir a idéia de se respeitar os deuses, pois do contrário você poderia ser castigado, por exemplo, Prometeu que tinha o fígado devorado todo o dia (observamos aqui uma perspectiva de reparação - não de morte, pois o fígado se regenera – assim a mensagem pode ser interpretada assim: o erro pode impelir em morte, mas o castigo não).

Desejo filmes verdadeiros... Quero ver a face do mal ser estampada de verdade! Quero ver vampiros bonitos, mas que cumpram seu papel e assim, matem, chupem o sangue... Quero ver lobisomens que despedaçam suas vítimas e também quero que os lobos tragam o medo enigmático dos homens... Quero na fantasia o tal “preto no branco”, porque no mundo real isso não existe. No mundo real os lobos que matam, são homens e pais de família; os vampiros não têm medo da luz e se escondem em Brasília. – as coisas são multicoloridas... Mas para compreender isso, se faz necessário à existência de estágios. Se nós, adultos nos enganamos, como acreditar que as crianças não?

Precisamos dos monstros da fantasia... Na verdade eles nos constituem! Infelizmente vivemos um antagonismo. Na Internet, pedófilos seduzem as crianças - as mesmas que foram enganadas pela idéia de que o mal pode ser bom. Nas ruas adolescentes se drogam - quem sabe iludidos por um pensamento de que problemas podem desaparecer por passe de mágica!

Quero monstros de verdade! Quero que eles apareçam de “cara limpa” - para que os pequenos possam viver seus ritos e para que nós possamos confortá-los e estabelecer laços que são perdidos a todo instante. Desejo que nossas crianças voltem a compreender que devem andar pela estrada e jamais pegar atalhos, pois existe sim um lobo mau... Como podemos esperar isso delas se difundimos uma idéia perigosa de pseudo-heróis? Os pequenos precisam da fantasia para o entendimento de que o sorriso bonito pode esconder na verdade, o traiçoeiro beijo da morte...


TEXTO: Rockson Costa Pessoa
IMAGEM: cyberdiet.terra.com.br/

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Entre o amar e o perder


É impressionante o quanto negligenciamos os sentimentos alheios,  destes muitos sentimentos, quero debruçar-me sobre o amor... 

Quem de nós não deixou aquele "alguém" sair de nossas vidas por um descuido? Quem nunca perdeu a pessoa amiga e amada por falta de respeito, cuidado ou atenção? Penso que a lista é grande, afinal faz parte do rito humano: perdas e ganhos; dissabores e prazeres; sonhos e desventura...

Deveríamos obrigatoriamente no início de uma relação simular términos, quem sabe isso pudesse poupar uma perda real futura... Desde o berço aprendemos a lançar para longe os brinquedos, pois esperávamos que nossos pais nos restaurassem o perdido... Com o passar do tempo alguns de nós assimilamos esse comportamento e de tal forma, ainda agimos como crianças inconseqüentes, que assim vão negligenciando sentimentos, corações e relacionamentos.

É uma pena observar que certas pessoas não percebem que corações não são brinquedos! Que a vida das pessoas não é mero objeto, por mais seres objetos que elas possam ser. E assim enxergamos pessoas querendo "resgatar" um sonho interrompido, como se amar fosse sinônimo de "a prova de tudo", ledo engano. Deveríamos aprender que tudo na vida necessita de um cuidado. O amor da mesma forma, só se mantém vivo, a partir de atenção, compreensão, carinho, respeito, afeto e outros demonstrações , que por vezes consideramos banais, mas que são muito importantes.

É claro que muitos desses dolorosos acontecimentos de rompimento e término propiciam um amadurecimento e assim descobrimos que há limites para tudo e todos. Infelizmente há pessoas que demonstram não assimilar tal idéia - de que existe mais em jogo na relação, afinal, sentimentos desvairados e egoístas são penalidades nesse campo. Para se amar se faz necessário a conjugação do verbo renunciar... Mas quem quer renunciar? Os sujeitos de hoje trazem o gene da individualidade e assim querem tudo a preço de nada, a partir disso observamos casais que casam, mas mantém a identidade de solteiro. Isso é um complicador na medida que facilita um conflito de papéis e habitualmente resulta no término da relação. Como esperar que crianças egocêntricas saibam dividir o berço? Enquanto os sujeitos não compreenderam a necessidade da renúncia,  continuaram no confllito dos seus berços  ideatórios.

No amor reside à própria perda... Diferentemente da paixão que se fixa na fantasia buscando o ganho deliberado - o amor já surge com a emergência de perdas: da individualidade, da essência egocêntrica e somente com essa morte e a busca pela elaboração do perdido, podemos avançar em busca de uma identidade de casal. Quando amamos perdemos a prática das coisas banais que nos definiam como solteiro e passamos a  fazer uso (incorporamos) de novos costumes que permitirão a constituição de uma nova realidade como pessoa, fato necessário para a gênese do relacionamento maduro... No amor ocorre a perda presente do indivíduo a partir de uma flexibilidade madura de que essa perda no hoje permitirá um ganho para o casal em um futuro próximo e/ ou distante.

Maturidade não é reflexo de um desenvolvimento biológico apenas, é a junção deste com o progresso psíquico dos sujeitos. Para crescer é necessário investimento e desejo, porque crescer é chato! Afinal enquanto temos na retaguarda uma pseudo-segurança, jamais alçaremos o vôo - ficaremos no ninho de nós mesmos e com o passar do tempo seremos estranhos em berços desconfortáveis. Enquanto não arriscarmos os primeiros passos em busca de um adequado papel, nos conformaremos em arremessar oportunidades, relacionamentos e até mesmo a vida, como crianças birrentas e medrosas que engatinham e se negam a avançar... E quando constatarmos que o quebrado nem sem sempre se conserta e que o lançado não volta na maioria das vezes... Teremos acordado em um novo cenário - a tal realidade adiada e negligenciada, que cobrará seu preço.

TEXTO: Rockson Pessoa
IMAGEM: http://salvesalveessanega.blogspot.com/2010_05_01_archive.html