terça-feira, 30 de abril de 2013

Sobre o suposto assassinato de Narciso



E nos conta a mitologia grega sobre tal Narciso, filho de um deus e uma ninfa... Vocês já conhecem a história! Quero compartilhar minha visão sobre o mito de Narciso. Tudo bem sabemos que o cara era "boa pinta", o chuchu das ninfetes, mas existe algo a mais nessa história. A primeira coisa que não compreendo é como um ser narcisista pode vir a cometer suicídio, assim de modo tão ingênuo... Então vamos aos fatos:

Narciso era bonitão e não se interessou por nenhuma das belas mulheres que eram "loucas" por ele. Certa vez um amigo meu me disse que a história de Narciso era uma estória gay! Pode até ser, mas, e se ele tivesse sido assassinato? A mitologia de Narciso, ao meu humilde ver, retrata nossa atual dificuldade em aceitar diferenças. Nem digo aceitar o novo, porque de novo mesmo quase não temos nada. Não cabe dizer se Narciso era hetero ou tinha orientação homossexual, o que vale é que ele não se interessava pelas mulheres de sua cidade por considerá-las feias para ele! E como isso tem se repetido...

Certo dia, Narciso foi para o lago se refrescar e enquanto se admirava - sei lá, poderia estar medindo o seu tríceps ou bíceps e do nada é surpreendido por uma ninfa desgosta e ativista! Pela falta de papiloscopista e pela inexistência do CSI o Narciso cai natimorto nas águas calmas do lago... Rapidamente seu pulmão se enche d água e ele morre afogado... Ah, quanto a flor, foi apenas um passarinho que desapercebido evacuou no cenário do homicídio!  É isso mesmo, Narciso foi assassinato, é o que penso!

Na atualidade vivemos uma espécie de apartheid no Brasil, onde religiosos e membros do movimento LGBT travam uma luta que está longe do fim... E não bastasse isso, vemos o Brasil discutindo a redução ou não da maioridade penal, penso que o “tal diferente” continua a dividir opiniões, pior que isso, separa as próprias pessoas. Seria interessante se pudéssemos largar o passionalismo e até mesmo o ideologismo e buscar encontrar as várias dimensões dos problemas sociais... Mas nos comportamos como as ninfas que não sabem receber um não! Dizem que o Narciso se achava demais, mas e a Ninfa que o assassinou? Não seria ela mais narcisista?

Hoje vi na internet que uma pessoa, desafortunada, passou um trote para a polícia militar e corpo de bombeiros de São, o que fez que até helicópteros fossem utilizados por conta de um suposto acidente de grandes proporções... Se for encontrado, espero que seja, poderá pegar até 02 anos de cadeia! No interior do mesmo estado queimaram um dentista por R$ 30,00 - o menor já assumiu tudo e até deu o isqueiro! Enquanto isso, para alguns desinformados os religiosos se tornaram todos homofóbicos e para a grande massa brasileira - a manchete diz: A copa do mundo é nossa!

A vida se tornou banal demais... Que o diga a família do Alvorada, exterminada por conta de uma informação, pasmem da própria vítima sobre uns tais R$ 10 mil reais - nesse caso não tem menor, que bom, senão assumiria tudo e ainda diria que trabalhava como ajudante de açougueiro! O que se repete da história é isso, nossa capacidade de ignorar fatos e de dar um ar romântico para tudo! Talvez seja a hora de ignorarmos os mocinhos e bandidos da história ou de sensacionalizar as tragédias... Que tal um pouco de respeito? Enquanto não aprendermos a respeitar as diferenças isso é em tudo: etnia,cultura, orientação sexual e dogmas religiosos, vamos matando os Narcisos por aí, mas no fim a gente corrige mandando flores em forma de desculpas... E se hoje jovens matam, cabe um olhar mais sério sim... Reduzir a maioridade? Não sei se estaríamos preparados, mas no que diz respeito a uma pena mais dura sou favorável sim (e muitos vão me criticar por isso, mas é meu ponto de vista), por que enquanto um mata por nada saber, belos narcisos se vão e virão lendas românticas... Foram sonhos ceifados que fingimos não ver, por conta do egoísmo tão nosso... Pobres Narcisos, as flores que irão gerar, infelizmente são apenas coroas de um sepultamento.

Rockson Pessoa

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Como nascem os sonhos




E então após um breve tempo de escuridão, a saber, um período inferior a milissegundos, um lampejo ilumina uma grande parte do encéfalo... Após uma série de impulsos nervosos de ambos os hemisférios cerebrais e de suas profundezas teciduais – surgem sinapses, após a ligeira e dinâmica troca de neurotransmissores. Com a excitabilidade de estruturas ventrais e da democrática atuação de grandes circuitarias, os sonhos que surgem no encéfalo representam que o ato de sonhar, por exemplo, se inicia pela própria expressão do novo.
Os conteúdos que surgem por conta da excitabilidade do tálamo e ativação frenética de estruturas límbicas, permitem ao córtex frontal uma sensação de realidade paralela, a essa altura não é mais possível diferenciar o que é real ou imaginário... A partir da interconexão entre distintos córtices cerebrais, sendo esta fruto da perfeita atuação de bilhões de axônios mielinizados, temos corredores que permitem a ativação de diversas zonas de gatilho... Podemos assim, ativar memórias emocionais, ouvir músicas que contam um pouco de nossa leitura do mundo, e ainda nos é possível ver... E nos sonhos criamos os cenários a partir de ilustrações, filmes, revistas – tudo é tão perfeito, deve ser por isso é chamado de sonho.
E se podemos sonhar em média 20 vezes por noite, observamos a eficiência do processamento de grandes estruturas... O encéfalo, a partir dos trilhões de sensores espalhados pelo organismo (internamente e externamente), permite compor trilhas cinematográficas, dignas de Hollywood, a partir de uma leitura perfeita e exata da realidade. Quantos e quantos rostos que jamais fitamos ou vimos foram criados? Tudo para dar essa faceta realística aos nossos sonhos. É mais que mágico! Temos 20 sonhos, que se expressam pelos personagens, cenários e enredos. Nós somos criativos de fato!
Quando sonhamos, o fazemos pela simples necessidade de aprender sobre o mundo... Dormimos para não morrermos e mais que isso, dormimos e sonhamos para mudar o nosso contexto de modo persistente. Ao dormirmos consolidamos memórias, emagrecemos, envelhecemos e tantas e tantas coisas que são únicas... Sonhar é preciso, como dizia a letra de algum pensador – ele deve ter dormido bem no dia anterior para escrever algo tão verdadeiro.
Para mim, o mais prodigioso de tudo – diria até indescritível, não se resume ao fato do elaboradíssimo processo comunicacional do encéfalo, tampouco pela habilidade de criarmos cenários inimagináveis. Para mim o mais importante do sonho é quando aquilo que ressurgiu das profundezas de um encéfalo se repercute na mente ou mentes de outros... O que existe de mais elaborado do que isso, a capacidade de um encéfalo ler outro encéfalo! E por conta dessa teoria da mente que elaboramos no nosso tenro desenvolvimento, vamos expressando a mágica que é a vida, ou seja, a capacidade de influenciarmos encéfalos pela fugaz necessidade de nos iluminarmos a cada noite!

Rockson Costa Pessoa

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O centro de tudo


Ao passo do que vejo certas coisas, vou tentando compreender a lógica... E de quase tudo visto eu percebo ser ilógico! Perdemos a noção do ridículo e a partir de uma idéia desviada de direitos ficamos reféns do desrespeito e da falta de educação. Reinventamos o caos em nome das singularidades e teorizamos atitudes em prol de um umbigo mesquinho.
Recordo-me do início da docência e de quanto me senti privilegiado em estar no mesmo ambiente de grandes mestres, muitos deles antigos professores! Quantas e quantas vezes me senti encantado em vê-los trocando idéias e quando discutiam com tal sabedoria, era perceptível a elegância do discordar sem ofender! Homens e mulheres com uma caminhada acadêmica e acima de tudo pensadores e problematizadores da realidade... Ao relembrar isso me causa espanto certas atitudes de alunos diante de seus professores, o desrespeito e acima de tudo a imprudência! Tais alunos são para mim desvirtuados, "cegos sociais" e acima de tudo iludidos por acharem que tal comportamento os servirá de proteção futura... E vale lembrar para tais "doutores prematuros" que essa segurança por conta de um livro, não se sustenta ao passo do tempo, afinal o conhecimento é fluidez jamais fortaleza. De onde tiraram a infeliz idéia que o professor é o centro do conhecimento? Por que teimam em nos considerar como Atlas? E assim vamos carregando o aluno e o conhecimento nas costas... Mas é assim mesmo, o cupim social já corroeu muitos de nós!
Existem muitas querelas que podem e devem ser consideradas e em todas observamos o mesmo equívoco de centralidade... Das relações amorosas não estamos longe e assim vamos degladiando com o parceiro ou parceira por conta do egoísmo que teima em imperar! Não queremos ceder e tampouco temos piedade dos perdedores - machucamos e punimos por amar errado! Há quem mate por tal "amor deformado", e no centro da confusão a mesma ausência de tato com o outro. Na vida pessoal, nos aspectos profissionais e até mesmo no calor das relações familiares vemos com tristeza a repetição de tais centralidades... Acredito que é hora de avaliarmos o que fato somos, penso que assim teremos a compreensão de que nosso valor se mede pelos atos por nós desempenhados e pelo respeito que procurarmos ter pelo outro, sem avaliar seu título de doutorado ou se é um tão necessário auxiliar de serviços gerais de uma instituição. Esquecemos-nos de ver o outro que reside antes mesmo de seu papel social ou da função que exerce.
De tudo que penso e das críticas que teço a mim mesmo, vejo que devemos trazer ao centro aquilo que passamos a desconsiderar... O trivial "bom dia" e o tão necessário abraço! Que possamos reaquecer as relações e esquecer das posturas ditatoriais que as vezes passamos a assumir... Talvez quando as coisas voltarem ao seu lugar correto, o mundo possa ser menos selvagem e assim poderemos viver sem medo de afrontas ridículas e comparações espúrias que só revelam o animal que teimamos em reificar em vida.