sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Quando a terra engole o sol


É quando a terra engole o sol, que eu percebo que o tempo vai se esvaindo em sua elegância típica. Percebo que não aproveitei ao máximo as primeiras horas do dia e que mais uma promessa do tipo: “hoje eu termino isso!” não se concretizou. Quando vejo que o sol começa a “descer as escadas”, os pássaros fazem suas serenatas ao infinito, como que preces desesperadas ou pedidos para o dia que ainda irá morrer... É engraçado, parece que os pássaros cantam um canto triste e os homens, andam com seus carros barulhentos brindando o “astrocídio”. É, não há mais respeito pelas perdas das pessoas, tampouco pelas perdas dos pássaros...

É quando a terra engole o sol, que sujeitos “bem vestidos” se põe nas esquinas a espreita de jovens que querem ser “descolados,”e assim nasce mais um viciado. É nessa hora que moças jovens e bonitas deixam seus lares e buscam um "ponto" para conseguir uma grana fácil... Creio que quando a terra engole o sol, ela também tira de nós (seres humanos), o respeito e o amor pela vida... Pois é geralmente depois que o sol morre, que algumas dúzias de jovens aparecem crivados de balas e na carteira, nem uma carta de adeus... É nesta hora que tudo silencia, menos as ruas, que se agitam com seus carros, que disputam pedaços de asfalto e o som destes carros barulhentos, se confundem com as buzinas raivosas e desesperadas das avenidas... E no céu, fica aquele cheiro enjoativo de fumaça e nem adianta “cheirar” pó de café, pois você pode ser confundido com um “cheira cola” ou “cheira a lixo”.

É quando a terra engole o sol, que as pessoas se aglomeram nas mesas e afogam as mágoas de mais um dia atribulado... É nessa hora também que os amantes desfrutam o silêncio das coisas, e Parece que o tempo pára... Parece que as nuvens se demoram para seguir seu rumo... Parece que parte de nós vai morrendo e deve ser mesmo. Creio que nessa hora vamos perdendo um pouco de fôlego... E quando a terra começa a mastigar os primeiros pedaços do sol, as sombras de tudo que há, parecem se agarrar nas coisas e até em nós... Se penduram e se "prendem" em um desespero silencioso... Formam os retalhos de um adeus pacífico e necessário. Tudo isso ocorre quando a terra vai engolindo o sol, sem pressa e sem culpa. Uma areia movediça impiedosa que rouba a luz, para dar lugar a noite que sempre chega mais cedo do que queremos (risos).

assim as mãos se encontram e os corações esperam pela a lua que vem brindar o amor... Nessa hora também os homens passeiam com seus cachorros e alguns outros correm pelas praças com seus fones de ouvidos que fazem mal a saúde.

É quando a terra engole o sol... Que percebo que a vida é uma dádiva e que deve ser aproveitada com tudo que temos e somos. Hoje e amanhã a terra irá engolir o sol, mas nem todos estarão lá para ver o espetáculo. A verdade é que os seres humanos, tendem a ver as coisas negativas da vida... Aprendemos a apreciar os fatos ruins e com isso, gravamos só as tragédias do cotidiano... Deve ser por isso, que valorizamos tanto a morte do sol de todo o dia e jamais apreciamos o nascimento do mesmo, pois como já disse um certo alguém:

“Nunca desanime quando seus esforços forem em vão, pois até o sol ao nascer, dá um belo espetáculo mas,quase sempre, encontra a platéia dormindo! "

A verdade é que não há necessidade de chorar, pois só se pode nascer quando se está morto. E assim o sol segue em sua odisséia infinita de morrer para nascer mais uma vez. A grande questão é saber: Você vai apreciar a morte ou o nascimento do Sol? Sabe... Isso é uma questão de escolha e de hora (risos).

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