quinta-feira, 17 de junho de 2010

Águas de duplo sentido


Preciso de um pano!
Preciso urgentemente dar um fim a essa água que chega!
Sim, que impetuosa bate nos vidros!
Avança feroz - como que por um hábito existencial

Preciso de pano ou tecido
Afinal é necessário impedir que o que está fora entre.
Para que alagar minha vida? Me inundar para que?
Já se foi o tempo que podia tomar banho de chuva - cresci.

Preciso de algo que funcione como um dique.
Não preciso de planos engenhosos...
Apenas de um pano [plano] com simples propósito.

E a chuva me venceu
Sinceras águas essas...
Me rendo!

Não posso mais mentir - as águas já me lavam por inteiro
Preciso apenas de algo singelo e pequeno
Quem sabe um pequeno lenço companheiro?

Afinal as águas que tanto enfrento
Não vem de fora - vem de dentro!
São minhas tímidas lágrimas
Que teimam em molhar os meus óculos

[vidros, almas e constrangimento]

As janelas que expressam...
Meus reais e sinceros sentimentos.

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